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Escrevo porque a alma implora, a ilusão roga e a imaginação exige. Mas, acima de tudo, escrevo porque me agonia guardar todas estas palavras no imo...

Um pouco mais sobre mim...

Wednesday, October 20, 2004

Carta Inacabada...

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Esta é a primeira vez que te escrevo. Não sei se outras se seguirão, mas isto eu tinha de te dizer. Honestamente acredito que estas palavras não sairão nunca da minha posse. Tinham de percorrer um caminho não muito longo até ti, mas o mais difícil seria eu abrir mão delas. Ou, pior ainda, seria eu tentar abrir-te os olhos para que finalmente percebesses que não há nada que eu mais deseje, senão entregar-me de corpo e alma nos teus braços.

Há muito que deixei de o ansiar, apenas o desejo! A vida ensinou-me a não esperar muito dela. Se bem que tem sido generosa para comigo, podia sê-lo um bocadinho mais. Pelo menos no que toca a ti! Ou melhor, no que toca a nós.

Já lá vão longos meses, julgo até que já se passaram anos, desde que trocámos as nossas primeiras palavras. Intrometidas, mas educadas, atrevidas, mas respeitadas… Assim foram as nossas primeiras conversas. Por esta altura já sabia o teu nome, o cargo que ocupavas na empresa, o teu número de telemóvel, mas penso que o mais importante sabia já desde que cruzámos olhares pela primeira vez naquela tarde de Verão. Sabia que eras tu o homem mais completo que conhecia. Não és perfeito, mas eu nunca tive a ilusão de encontrar o Príncipe Perfeito a galope num cavalo branco. Sei que construir uma vida junto de ti seria uma árdua tarefa, mas também sei ter a coragem e a certeza de o querer fazer. Se ao menos eu soubesse de ti…

Dizem que todas as crianças têm amigos imaginários, mas recordo-me de ter tido vários, talvez pela constante, e pelos vistos já antiga, necessidade de estar rodeada de muita gente. Não é medo da solidão, porque já disse a serpente ao Principezinho: «Também se está só entre os homens». É antes vontade de ser contagiada pelas alegrias e frustrações dos outros, para de quando em vez lembrar que somos todos feitos da mesma massa, e que, afinal, ninguém é perfeito, ninguém vive vidas perfeitas.

Mas, de volta aos amigos imaginários, devo dizer que nenhum deles se extinguiu para sempre. Eles pairam como nuvens, subentendidos, mas constantes. De vez em quando julgo ver o sorriso de um ou de outro e lentamente vou lembrando os seus nomes. Interpreto as suas aparições breves como expressões de força. E quando assim não são bem sucedidos, transporto-me para a idade da inocência e fico feliz por lembrar das longas tardes em que nos reuníamos e falávamos das nossas alegrias e desilusões. As pessoas crescidas viam apenas a mim, mas essas nunca sabem ver para além do visível.

Todos estes amigos imaginários deram lugar apenas a um. Ficarás surpreendido se te disser que esse “um” és tu? Poderás achar-me infantil. Se calhar assim ter-me-ás menos consideração, mas permite-me desejar o inverso…

Pois é, há meses que caminhas bem perto de mim, mesmo quando estás longe fisicamente. Esta presença ilusória faz-me sentir calma e não criar muitas saudades tuas. É também benéfica, porque são tantas as conversas que mantemos utopicamente, que quando estamos juntos não me mostro nervosa. Estou habituada a ti!!

Se não consegues perceber isto pelas minhas palavras, ou se percebes mas ridicularizas, atenta às palavras de Milan Kundera n’ “A insustentável leveza do Ser”. Ele diz que “todos nós temos necessidade de ser olhados”, e que podíamos até ser agrupados em quatro distintas categorias mediante “o tipo de olhar sob o qual desejamos viver”. Se tiveres curiosidade ou vontade de conhecer as três primeiras categorias procura nas páginas daquele livro. No que a mim toca, dar-te-ei a conhecer apenas a quarta e última categoria, aquela de que faço parte. É a mais rara, mas outra coisa não se esperava de mim, alma errante, que vive neste mundo por um mero acaso! Os da quarta categoria são “aqueles que vivem sob os olhares imaginários de seres ausentes. São os sonhadores”. Assim sou, constantemente escrava deste desejo de que realmente pouses o teu olhar em mim. E que eu possa finalmente também descansar o meu olhar no teu rosto geometricamente perfeito. Enquanto isso não acontece vou criando o som dos teus passos à medida que caminho sozinha.

Fazes-me companhia desde que acordo até que me deito. E podes até rir se te disser que mesmo quando desperto nos braços de outros homens, fecho os olhos, não de paixão, mas por ilusão. Assim beijo os teus lábios enquanto toco nos deles. Parece controverso, mas é tão difícil de entender como de explicar…

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