Dono de Mim
Esta noite serás dono de mim, tal como um pássaro possui as suas asas e as manobra num misto de paixão e perfeição. E serei eu a dona da lua e das estrelas, e fá-las-ei iluminar-nos enquanto concretizamos este fogo que nos une e que nasceu de fagulhas deixadas ao acaso. Entregar-me-ei a ti como nunca ninguém antes se entregou. Acarinhar-te-ei como nunca ninguém antes se atreveu.
Quero entregar-me nos teus braços, e deixar-me transportar para um lugar onde nunca ninguém foi, onde só sabes ir se os meus olhos te levarem, onde apenas podemos chegar juntos, porque de outro modo não nos é aberta a porta.
Quero voar contigo até um lugar bem longe daqui. Onde possuímos o nosso mundo, um mundo onde só entra quem e o que nós quisermos. Nos teus braços deixo de ser lagarta para me transformar em borboleta. E assim sou frágil, mas corajosa, pequena e errante, bela e livre. Pouso em ti e deixo-te olhar as minhas cores. Só tu vês para lá do visível... Tal como diz Saint-Exupéry, «o essencial é invisível aos olhos».
Esta noite será minha e tua. De mais ninguém. Abriremos asas e voaremos para pousar sobre as nuvens. Cobriremos o céu com as nossas sombras. Todos cá em baixo poderão olhar o nosso prazer. Mas eu não preciso de o ver; vou antes sentir. Não preciso de o cheirar, vou antes tocar. Não preciso sorrir; vou antes beijar. Todos terão inveja, porque ninguém atinge o auge da perfeição, como nós o fazemos quando estamos juntos.
Nesta noite quero que pouses as tuas asas sobre as minhas. Desejo ouvir o teu sopro vital! Queres vir deitar-te do meu lado?
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