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Escrevo porque a alma implora, a ilusão roga e a imaginação exige. Mas, acima de tudo, escrevo porque me agonia guardar todas estas palavras no imo...

Um pouco mais sobre mim...

Sunday, December 05, 2004

Para Madalena

[Este texto foi escrito há cerca de um ano, mas não resisti a publicá-lo aqui e agora. Inspirei-me numa realidade que não foi minha, até porque o texto está na primeira pessoa, mas na voz de um homem. Madalena foi uma jovem mulher que faleceu na estrada, nos braços do seu companheiro. Ouvi-o falar, ouvi-o indagar-se pelo perdão da sua amada, e pus em palavras os seus sentimentos. Para Madalena, onde quer que ela esteja...]

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Perdoa-me, Madalena, perdoa-me pelo que te fiz. Perdoa-me tu, porque eu vivo neste paradoxo de saber, mas não querer perdoar-te!

Eu não te perdoo, Madalena, por me deixares dormir sozinho nesta cama que de tão grande se torna gelada. Eu não te perdoo, porque nunca mais te ouvi meter a chave na fechadura da porta da casa que era nossa. E tu não imaginas, Madalena, a falta que me faz o teu abraço no final do dia, seguido do ternurento beijo na testa, qual carinho maternal, enquanto me desejavas «Bons sonhos».

Mas peço-te que me perdoes, Madalena, por te ter deixado ir sem antes te agarrar com toda a força e implorar a Deus que não te deixasse partir! Perdoa-me, Madalena, por não ter tido forças pra te amparar no voo que te projectou para longe de mim!

Porque eu não te consigo perdoar, Madalena, quando me lembro de todas as vezes que te amei e me perdi no teu corpo. Não te consigo perdoar, Madalena, porque nunca mais farei amor, juntar-me-ei apenas ao corpo de outra mulher num acto de pura luxúria que mais não significará que meros minutos de prazer.

Perdoa-me tu, Madalena, por não te ter ouvido quando gritaste «Cuidado!». Perdoa-me, Madalena, por num acto de rebeldia não ter prestado atenção ao que me pediste.

E agora o tempo não volta atrás. Agora vivo na eterna vontade de te ter de novo, de tornar a sentir aquela brisa quente nas tardes frias de Inverno, de sentir o sopro arrepiante no pescoço, aquele que fazias propositadamente para me tirar da cama naqueles domingos de preguiça… Nada, Madalena, nada do que tínhamos será de novo meu. E muito menos será nosso.

E eu vivo nesta contradição que me impede de avançar. Quero perdoar-te, mas não consigo, Madalena. Como posso, se me deixaste sozinho? Quero que me perdoes, mas isso será ainda menos possível. Como podes, se te roubei o que de mais precioso tinhas?

Madalena, se pudesse restituía-te a vida. Contrariava toda a lógica e senso comum e trazia-te para junto daqueles que mais amavas. E se fosse necessário entregava a minha. Pois seria tão mais fácil partir sabendo que tinha o teu perdão!

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