Porque te olho...

Lembro de quando era pequena, de como eu gostava e ansiava sentir o toque das tuas mãos firmes quando me abraçavas. Lembro do teu olhar austero e seguro. Nunca precisaste de demais palavras para me repreender, pois eu lia no teu olhar a reprovação, e não houve nunca algo que eu mais temesse, senão a sensação de que te estava a desiludir.

Percebo agora, quando olho para trás, que não tenho vindo a caminhar por um trilho casto. Na verdade, apesar da vontade de me distinguir da tua sombra, tenho tentado seguir a mesma força e os mesmos valores que foram teus um dia, mas que te roubaram. Às vezes olho para ti sem que percebas, e fico triste por entender que resignaste tantos sonhos e ambições. Estão agora castrados pelas palavras dela. Porque é que a deixaste impedir-te? Eu sei que o fizeste porque achaste que também era o melhor para mim. Mas por mim terias todo o apoio...

Agora sei que esperas que seja eu a dar-te a voz que insistes em não fazer ouvir. Agora sei que queres para mim a garra que deixaste escapar. Agora esperas que seja eu a tomar posse do teu cargo. Tu sabes que eu quero. Tu sabes que eu tenho vontade! Esperas de mim inovação... Mas então porque a deixas castrar-me tal como fez contigo?

Sabes que por isto tenho de te dizer adeus. Levo-te no meu coração e guardar-te-ei para sempre como um excelente exemplo. Que um dia venhas a ter tanto orgulho em mim, como todo o que deposito em ti. Sabe que és a pessoa que mais admiro... E qualquer luta que vença não fará qualquer sentido se não vieres até mim a sorrir de vaidade!