Dissimulações

Encontrei-te a pintar as paredes de tua casa! Como senti pena de ti. Querias agradar os convidados, julgando que eles vão para ver as cores das tuas paredes.

Sentei-me no degrau a contemplar-te, enquanto afincadamente fazias deslizar o pincel na parede, e não deixei de pensar no quão pobre és e serás sempre, por perder tanto tempo com o que está à vista de todos, ao invés de re-colorires o arco-íris que te envolve, aquele que só os mais puros e verdadeiros conseguem ver…

Estás tão decidida a remover a humidade das paredes da tua casa, que nem sequer percebes estar a ser consumida pelo bolor das tuas próprias entranhas, que há demasiado tempo não paras para limpar!

Tornaste-te uma pessoa vazia, frívola, fútil, vã... Tornaste-te em alguém de quem não me orgulho, antes lamento pela perda dos valores que um dia achaste ser capaz de me ensinar!

Quem vier por bem, quererá ver as cores de que és feita, aquelas que vão mais além das cores das tuas paredes! Aos outros, aos que perguntarem se o contraste é entre o bege e o creme, tranca-lhes a porta, porque esses não são merecedores de qualquer festa ou convite...