De orgulho ferido!

Ontem acordei a chorar. Por vezes perguntamo-nos por onde vagueia a nossa alma enquanto o nosso corpo descansa. Mas ainda não sei por que caminhos obscuros a minha passeou nessa noite… E ainda antes de conseguir sequer perceber o porquê do sal que jorrava no meu rosto ensonado, fugi para debaixo do chuveiro onde estremeci, não pelo frio da água, mas porque vi o teu rosto reflectido no espelho do quarto-de-banho. Havia-me esquecido da discussão terrível que tivemos na noite anterior. Já não me lembrava das coisas horríveis de que me acusaste e chamaste. Não me recordava da vontade do teu orgulho em me querer deixar!

Com olhar gélido deste-me os “bons dias”, antes que os teus olhos passeassem no meu corpo nu e vulnerável. Senti-me desprotegida e com vontade de correr para o meu forte para me abrigar. Mas o meu forte caiu, já não é meu. Já não pertenço mais aos teus braços...

Com uma força justificada pela vontade de não mais cair na tua teia, virei costas à vontade de te ter de novo. E a tua mão tocou ao de leve no meu braço. Neste gesto livre de pretensão encontrei parte do carinho de que sentia saudades. Felizmente consegui resistir à tentação e deixei que a água do chuveiro limpasse toda a poeira dos males que me fizeste.

O resto do dia correu bem. Mas tu não perguntaste quando entraste em casa à noite para levares todo e qualquer vestígio da tua pessoa. Agora o espaço que estava multiplicado antes pela nossa presença, o nosso carinho e o nosso amor, foi subtraído ao vazio de uma casa e de um coração.

Hoje acordei a chorar.

E apesar de prever que este vazio vai ficar ainda mais denso, e que mais lágrimas cairão sem aviso prévio, quero agradecer-te. Agradeço-te por me teres deixado sair de cabeça levantada deste relação maléfica, e porque sei que me tornarei ainda mais forte e imune a seres desprovidos de qualquer áurea positiva… como tu!!